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Novo Documento 2018-07-20 16.13.24

Artesanato de Maria Zi: um “trabalho devocional”

Ela nasceu na cidade de Formiga e foi criada em Diamantina, em Minas Gerais. Mas é em Brasília, onde mora desde 1993, que começou a desenvolver o seu grande projeto de vida — a criação da casa Bendittas, atelier de bonecas de pano. “Eu me apeguei à cidade.

Gosto daqui e das pessoas que me cercam. Brasília me recebeu muito bem e aqui pude desenvolver a minha arte, entre retalhos, cantigas e histórias”, afirma.

O trabalho deu tão certo que a marca Bendittas Bonecas fechou uma parceria com a Embaixada do Brasil, em Berlim, na Alemanha, para expor e comercializar as bonecas no segundo semestre deste ano.

A oficina de trabalho de Maria Zi, na Asa Norte, é como uma sala de costuras, com recortes de tecidos, cheio de lãs, botões, linhas e máquina de costura. Filha de costureira e alfaiate, ela não se considera uma grande mestra da costura. Formada em comunicação social, Maria Amaziles Rocha Lopes, ou simplesmente Maria Zi, é escritora e artesã. Começou a confeccionar bonecas de pano em “um trabalho devocional”.

A cada uma, tento me aproximar o máximo possível da anatomia feminina sem estereótipos”.

Segundo ela, a intenção é levar uma mensagem de amor para cada pessoa que adquire a boneca. “Criar arte em tecido é uma das maneiras mais divertidas que descobri para semear beleza à minha volta. Aprendi muitas técnicas com minha mãe, Dona Sinhá que, por sua vez, as aprendeu com minha vó Zizi, num encadeamento de cumplicidade e beleza que se perde nos registros da nossa história”, acrescenta. No portfólio da artista, destacam-se as bonecas Fridas, as Pretas Velhas, as Sábias e as criadas para o São Paulo Fashion Week, em um tributo a grandes personagens da história da moda. “Fiz a Chanel, vestida com um tailleur símbolo da década de 1940; a Viviane Westwood, com uma camiseta de um movimento ambiental; e a Mary Quant, de minissaia para este evento. Pesquisei cada particularidade destas personagens

para produzir as roupas”, esclarece.

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Ela já trabalhou com produção cultural, gerenciou projetos ambientais na Amazônia, foi tecelã e ministrou palestras motivacionais sobre a cultura da cooperação. Formada em comunicação social, Maria Amaziles Rocha Lopes – ou Maria Zi, como assina em seus trabalhos – é escritora e artesã. Dona Benditta Bonecas Autorais, ela cria, com as mãos e a alma, bonecas temáticas na intensão de levar uma mensagem, uma provocação, uma inspiração para toda a vida. Como complemento a esse trabalho, lançou recentemente seu livro “F de fio, F de fada”, obra de edição independente…
Acompanhe a Matéria http://revistapegn.globo.com/Banco-de-ideias/Diversao-e-turismo/noticia/2017/03/empresaria-produz-bonecas-de-pano-e-conquista-ate-o-exterior.html

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Bonecas feitas à mão da Benditta, da artesã Maria Zi, são vendidas a R$ 650 na lojinha do evento

DE SÃO PAULO – Os desfiles são sempre o centro da atração, mas a verdade é que uma semana de moda é feita de muito mais do que isso. Nesta edição do São Paulo Fashion Week, o Pavilhão da Bienal abriga, além das salas de desfiles, food trucks, picolé de graça, estação para tirar foto e postar no Instagram, estandes de patrocinadores e uma loja, já tradicional no evento, que reúne trabalhos de design de várias marcas do Brasil inteiro.

É lá, na pop up store do evento, que Brasília se esconde. Entre peças de arte, bijuterias e objetos de decoração, as bonecas de pano da Benditta, da artesã brasiliense Maria Zi, são sucesso de público. A Benditta foi selecionada para expor na lojinha pelo Contextualizar na Moda II, convênio firmado entre o Sebrae e o Instituto Nacional de Moda e Design (In-Mod) que busca no Brasil inteiro trabalhos relacionado à moda e ao design para expor na semana de moda.

É a segunda marca de Brasília a participar do convênio. A primeira, algumas edições atrás, foi a Muv, de calçados.

As bonecas da Benditta são coisa fina. Peças de arte confeccionadas, uma a uma, por Maria Zi. A maioria, mulheres fortes que inspiram a artesã de alguma maneira. Elas são, por exemplo, sempre narigudas e peitudas. Traço que a artesã não abre mão nem mesmo ao recriar mulheres conhecidas. Estilistas, a Mulher Maravilha amamentando, Frida Kahlo – esta última exposta na loja do SPFW.

Eu crio a partir da minha história. Já trabalhei com temas, como esperança, prosperidade, com sentimentos, já recriei os anjos da Catedral e gosto muito dos ritos de passagem, como o parto.”

Maria Zi

A marca tem cinco anos de existência. Em Brasília, atende encomendas e colecionadoras no ateliê da marca, na 213 Norte, e na galeria Celsius, no Lago Sul. “Hoje as coisas estão tão globalizadas que as pessoas estão buscando uma coisa que é só delas”, acredita, sobre a escolha das suas bonecas.

As bonecas-arte da Benditta são vendidas aqui por R$ 650. Verdadeiras peças de luxo.

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Artesã do DF tenta manter tradição de bonecas de pano - TV Brasil

Entrevista Maria Zi - Programa Sem Censura TV Brasil

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Livro conta história sobre as tradicionais bonecas de pano artesanais

bonecas de pano, ‘bruxas’, brinquedos de criança pobre, indústria doméstica precária e tradicional no Brasil são documentos expressivos da arte popular”, disse Câmara Cascudo no Dicionário do Folclore Brasileiro (1969) — uma das poucas referências que a pesquisadora Macao Goés e a fotógrafa Graça Seligman encontraram sobre as tradicionais bonecas que fizeram parte da infância de muitas crianças, especialmente nas décadas de 1940 e 1950, no Brasil.

A profunda pesquisa de campo, no entanto, foca-se no trabalho das artesãs, consideradas mestras brasileiras do corte e recorte. “Para alguns, são apenas um monte de retalhos, farrapos e trapos insignificantes que poderiam ficar jogados em qualquer canto da casa. Poderiam. Mas não para essas mulheres com sensibilidade e mãos mágicas de artesãs. Senhoras que se debruçam em suas máquinas de costura e colocam alma em panos surrados. (…) Quase milagre criados pelas mestras bonequeiras que, ainda na infância humilde, aprenderam a fazer seus próprios brinquedos”, contam as autoras na apresentação do livro Que boneca é essa?, fruto das pesquisas de Macao e Graça. As duas conheceram mulheres de 50 a 90 anos que encontraram na agulha, na linha e nos retalhos os instrumentos para gerar renda, além do prazer de reencontrar a infância.

Macao publica trabalhos sobre cultura popular desde 1979 e,  ainda no Rio Grande do Sul — terra natal da autora —, começou a desenvolver paixão por brinquedos populares. Após ganhar bolsa de estudos no México, começou a montar vasta coleção. “A boneca é o brinquedo ícone de toda criança, e nem existe mais essa questão de gênero. Comecei a pesquisar, vim para Brasília e ganhei bolsa de estudos no México. É uma coleção belíssima, um acervo fantástico. Tentei parcerias em vários espaços e não consegui. Mas um dia o Dragão do Mar (Centro Cultural em Fortaleza) ficou com o acervo. Era o meu sonho que a comunidade tivesse acesso. Minha coleção estava muito completa, desde a mais simples à mais gigantesca”, descreve.

A autora explica  que a boneca evoluiu tanto no que diz respeito ao modo de produção quanto ao produto. Para pesquisar a origem da peça como brinquedo, Macao foi ao México. “Lá encontrei as Lupitas (referência à Nossa Senhora de Guadalupe), que estão desaparecendo”. A história dos brinquedos na América Latina, aliás, tem origem na cultura da Península Ibérica, segundo a pesquisadora. “Há uma grande variedade de bonecas, com raízes da cultura espanhola e indígena”, completa.

O que marca a identidade das bonecas de pano como um brinquedo popular é a riqueza de vida transmitida por gerações. Macao conta que aprendeu com as mestras bonequeiras a generosidade em ensinar, sobretudo. “São descobertas do fazer a cultura local e da grande generosidade de ensinar o que elas sabem sem cobrar nada, além da curiosidade. Elas não copiam, inventam. É uma riqueza de vida, um encontro com o tempo.”

A arte em Brasília

A artesã Maria Amaziles, de 55 anos, aprendeu com a mãe a arte de fazer bonecas e considera Brasília uma fonte adequada ao processo criativo. Maria criou a marca Benditta, que reúne pequenas obras de arte feitas de pano. Entre as peças, algumas representam a capital federal. Ela criou a família candanga — inspirada nas fotos do Arquivo Público —, uma bordadeira de Planaltina, uma colhedora de flores do cerrado, as Marianjas inspiradas nos anjos de Ceschiatti e a Sinhá Laiá — do grupo Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro. “Eu me considero a parteira das Bendittas, pois me sinto uma parte de um processo maior desta semeadura.
Duas perguntas para Maria Amaziles, artesã de Brasília

Como foi seu primeiro contato com as bonecas e como funciona essa relação de tradição da arte de fazer bonecas em sua família?

Na verdade, as artes manuais têm grande destaque na minha família, como é tradição em Minas Gerais. Aprendi diversas habilidades manuais com minha mãe, que aprendeu com minha avó, tais como tricô, croché, bordado, etc. Nunca havia feito bonecas antes e o meu interesse foi despertado a partir da ocasião em que confeccionei 13 bonecas para trabalhar o mito navajo das Mães das Treze Lunações, com um grupo de mulheres em Pirenópolis. Depois de um tempo, a decisão de criar as Bendittas nasceu da minha necessidade de semear coisas boas à minha volta, ao tempo em que posso honrar o legado recebido das matriarcas de minha família.

O que te inspira a fazer bonecas? Brasília te traz inspiração (de que modo)?

Talvez a palavra inspiração não seja adequada ao meu processo de criação. Eu digo mesmo é que tenho fome de fazer bonecas. A primeira motivação, como eu disse, é de certa forma devocional, uma vontade sincera de semear coisas boas à minha volta. Cada Benditta é construída a partir de um tema da vida, como Alegria, Prosperidade, Saúde, etc. Assim, quando uma Benditta escolhe a sua dona, leva adiante a lembrança da capacidade que todos temos de gerar essa riqueza à nossa volta.

Por outro lado, Brasília é uma fonte rica de inspiração, também. Sou profundamente grata pela forma com que fui acolhida aqui. Assim sendo, procuro trazer seus personagens para o contexto das Bendittas, uma forma de retribuir a hospitalidade e também de me sentir fazendo parte deste contexto. Fazem parte desse trabalho iconográfico a família candanga, inspirada nas fotos do Arquivo Nacional, uma bordadeira de Planaltina, uma colhedora de flores do cerrado, as Marianjas inspiradas nos anjos de Ceschiatti e a Sinhá Laiá, do grupo Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro.