Os dias nublados são mais que um convite à introspecção, a relembrança daquele livro que nos espera na estante, de um filme assistido em boa companhia. Nas dobras e babados do meu cotidiano, os dias nublados exibem também o desafio do cinza, que procuro superar.
Parece tudo uma orquestrada conspiração:
a temperatura cai, o Sol se esconde na maior parte do tempo, uma chuva fina resolve pontuar o dia e está montado o cenário. Então, o banco pisa na bola com meu cartão de crédito (e me avisa, gentilmente que “estaremos providenciando a solução em dez dias úteis”), uma prestadora de serviços se complica com o cronograma de entregas, a operadora de telefonia continua inoperante… E eu vejo que é hora de mudar o jogo! Caso contrário, choro e ranger de dentes…rsrsss.
O que é espantoso é perceber que, a partir dessa abertura para mudar o foco, a cor começa a retornar, seja em um raio de Sol escapulido por alguns segundos entre nuvens, ou mesmo um retalho garimpado, cuja estampa combina harmoniosamente com a Benditta do dia. E a alegria retoma seu posto no meu coração. Descubro que minha prole alcançou êxitos profissionais e acadêmicos dos quais deliciosamente me orgulho, compartilho as incontáveis belezuras de uma neta e, embora cansada ao final do último compromisso do dia, reconheço o amor na expressão de quem me abre os braços e me aconchega. Talvez seja mesmo verdade que a alegria está sempre presente, sendo necessário somente olhar na direção adequada. Talvez… vou pensar sobre isso novamente, caso meu coração voltar a nublar. Por agora, eu quero mesmo é bendizer os dias cinzentos, que me permitem mergulhar e mim mesma, redescobrindo possibilidades, encontrando tesouros!