Na minha terra, as prosas se iniciam sempre com um “causo”. E talvez seja este o momento de compartilhar com vocês as trilhas que me trouxeram até aqui, neste adorável ofício de parteira das Bendittas.
Há tempos eu me perguntava sobre a melhor maneira de aliar minhas habilidades manuais à fluência criativa, em benefício de um propósito que fosse além do comercial. Mas era uma busca um tanto desnorteada, que se perdia na ansiedade dos “fazeres”. Foi quando aconteceu o que eu costumo chamar de abençoada provocação.
Eu explico: sou mãe de quatro filhas, o que em tese me habilita a conviver com desafios, surpresas, questionamentos insólitos, etc. Mas certo dia de 2009, juntamente com a minha filha Guta, presenciei uma discussão no trânsito que chamou nossa atenção pela irrelevância de motivos e agressividade das palavras.
Tomei, então, a sacolinha das oportunidades (toda mãe tem um reservatório desses em algum canto da cabeça) e argumentei que aquele motorista enlouquecido certamente nãos sairia semeando à sua volta aquele lixo disfarçado em desaforos, caso soubesse que é importante zelar sobre o que semeamos, pois a natureza do grão é germinar. Dei por terminada aquela conversa, mas aquela filha, a de grandes olhos, inventou de questionar o que estaria eu semeando à minha volta. Confesso que a indagação me pegou desprevenida… Guardei comigo a provocação, reconhecendo a beleza daquele momento, onde a minha filha se mostrou tão generosa na multiplicação de um entendimento.
Assim, de um sonho de semear boas coisas, primeiramente nasceram os grãos, pequenos bichinhos de muitas formas, cada qual com a proposta de despertar algo de bom, bons sentimentos: esperança, saúde, felicidade, etc. Mas, o que fazer, se além de semear eu também gostaria de agradecer? Em resposta, nasceram as Bendittas. E, uma vez que havia de ser criada uma logomarca, eu quis bendizer tudo, assim mesmo, com dois T’s transformados em duas agulhas, só pra lembrar que juntos somos mais fortes, que podemos nos unir na construção de algo de bom que vá além e toque o coração de um grupo cada vez maior de pessoas, fazendo a vida valer à pena, espalhando harmonia à nossa volta, com consciência e intenção.
A partir de então aqui estou, uma parteira de Bendittas. É importante reconhecer que isso se tornou possível em razão das habilidades que aprendi a desenvolver, sob a orientação exigente e amorosa de minha mãe, Dona Sinhá. Mas isso é matéria para uma outra prosa!