Inspiração Candanga

É bem verdade que a alegria de estar sob o Sol é a mesma, quer se esteja no Eixão, num feriado em Brasília, ou nos degraus da Piazza di Spagna, enlouquecendo a audição com tantos idiomas distintos, falados ao mesmo tempo. Pois que o Sol tem o poder de clarear as surpresas que às vezes vêm camufladas em nossas vidas, escondidas nas dobras do cotidiano e, de repente, zás: se mostram espantosamente gratificantes, alterando o curso de nossos projetos, roubando por instantes a nossa respiração.
Assim eu me senti, no final dessa semana, como quando nos jogamos do trampolim mas ainda não mergulhamos na piscina. Um telefonema generoso me direcionou para o Museu Vivo da Memória Candanga, onde eu deveria aprender um pouco (ou muito, se tivesse sorte) sobre a inserção da iconografia do DF em minha produção artesanal. Lá eu encontrei companheiros queridos fazendo arte em croché, cerâmica, tecido, num movimento criativo com cheiro de cumplicidade. E também rostos novos, novos questionamentos. De repente, aquele “zàs”! E a história das Bendittas foi deliciosamente impactada, como se o rio em que até então navegamos se abrisse num arquipélago de incontáveis ilhas-possibilidades.
A partir daí, aquela pessoa sumaúma, o designer italiano Giulio Vinaccia, inundou a nossa oficina com novos desafios. Para começar, abriu meu olhar com fotos lindas do Arquivo Nacional, destilou a paixão por Brasília em detalhes impensados, misturando-os às rendas e fitas da Benditta. Nossa oficina agora pulsa no compasso de novos desafios, sob a orientação provocadora desse profissional cujo currículo dispensa adjetivos. E, para que vocês mergulhem conosco nesse universo, aqui vai o primeiro protótipo, produto desse encontro: uma Benditta Candanga, com olhos cheios de certeza, abrindo alas para outras provocações que vieram invadir nosso espaço, num clima de pura festa. E a gente continua sonhando. Sob o Sol, seja onde for!